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Governo do Tocantins apresenta projeto pioneiro no mercado global de carbono em Brasília

Secretário da Semarh, Marcello Lelis, a coordenadora-geral de finanças verdes do MDIC, Beatriz Soares, o deputado federal, Júlio Oliveira e o secretário da Serb, Carlos Manz.Foto Vinicius S.R

O Governo do Tocantins lançou, nesta quinta-feira, dia 13, o Projeto Poder Afro de Combate ao Racismo nas Escolas Estaduais. O projeto conta com mais de R$ 20 milhões em recursos do tesouro estadual, destinados à formação de servidores e à produção de material estruturado para beneficiar mais de 60 mil estudantes do ensino médio em todo o território tocantinense.

 

 

A iniciativa da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), foi apresentado pelo secretário professor Fábio Vaz. A meta é impactar 60 mil estudantes e 5.400 professores de 325 escolas de Ensino Médio, nos 139 municípios do Tocantins.

 

 

“O Poder Afro foi criado com o propósito de transformar os espaços educacionais em ambientes de combate ao racismo e valorização da história e da cultura negra. O programa pioneiro veio para revolucionar a educação tocantinense”, frisou Fábio Vaz.

 

 

Com o lançamento do projeto, inicia-se também a formação para os profissionais da educação. Serão dois dias de capacitação, em Palmas, voltada para servidores das 13 Superintendências Regionais de Educação (SREs) do Tocantins. O material estruturado Minha África Brasileira, que subsidia o projeto, já foi distribuído para todas as unidades escolares de Ensino Médio da rede estadual, para que as atividades comecem no segundo semestre letivo.

 

 

“Esse material estruturado será trabalhado pelos nossos profissionais que estão sendo capacitados para combater o racismo.  Iniciamos o Poder Afro com o Ensino Médio e queremos ampliar, no próximo ano, para o Ensino Fundamental”, informou o secretário da Educação.

 

 

Capacitação para os servidores

Para a educadora Elizabete da Paz Moreira, todo esse movimento de sensibilização antirracista nas escolas busca impactar na valorização da africanidade e no protagonismo social.

 

 

“Sou professora, mulher negra e acredito que o Poder Afro vem para favorecer o reconhecimento da comunidade negra, evidenciando a importância histórica do negro para a construção do nosso país”, assegurou a coordenadora de Área de História da Escola Estadual de Tempo Integral Regina Siqueira Campos, de Nova Rosalândia.

 

 

Da região sudeste, onde estão localizadas parte das escolas quilombolas da rede estadual, o professor Reinaldo Mendes de Jesus, técnico de Ciências Humanas da SRE de Dianópolis, também acredita que o Poder Afro marca um novo tempo na educação e na história do Tocantins. “Recebo esse projeto com muita alegria, pois o racismo nos persegue e combatê-lo nas escolas é urgente. Conscientizar a população é “, destacou.

 

 

Currículo e valorização

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 76,6% da população tocantinense se declara negra ou parda, colocando o Estado como o 9º no ranking brasileiro. Neste cenário, o Poder Afro busca potencializar e sistematizar o respeito às diferenças de forma identitária no contexto escolar.

 

 

“Após 21 anos da vigência da Lei que assegura o ensino da cultura e história afro-brasileira nas escolas, para muitos estados ainda é um desafio. No Tocantins, além de cumprirmos a legislação com a implementação do currículo e do Projeto Político Pedagógico com foco na valorização da diversidade étnico-racial, estamos instituindo o Poder Afro e fortalecendo ainda mais a comunidade negra tocantinense dentro e fora das nossas escolas”, afirmou o secretário Fábio Vaz.

 

 

Premiação

Outra importante ação do Governo do Estado para a valorização da cultura e história afro-brasileira é a inclusão do eixo Africanidade  na segunda edição do Prêmio Escola que Transforma. A iniciativa vai premiar escolas, profissionais e estudantes que se destacarem pelas práticas pedagógicas e distribuirá R$ 2 milhões em premiações.

 

 

“Além de valorizar e evidenciar os projetos vencedores, queremos que o projeto do eixo Africanidade seja replicado em todas as escolas estaduais. Queremos uma nova geração consciente, empoderada, que valoriza a diversidade”, complementou Fábio Vaz.

 

 

Painel educação antirracista

A programação de dois dias do Poder Afro contemplou também o painel educação antirracista, mediado pela superintendente de Políticas Educacionais da Seduc, Márcia Brasileiro, e que reuniu personalidades negras tocantinenses que atuam na conscientização e no combate ao racismo no Estado, além da participação especial do historiador Natanael dos Santos.

 

 

Escritor e pesquisador do campo do historiografia africana desde 1987, Natanael, que é ainda  coordenador da Faculdade Zumbi dos Palmares, de São Paulo, discorreu sobre a importância do negro na construção da história do país. “O fim da escravidão tem apenas cerca de 150 anos, mas foram quatro séculos de injustiças que a escravidão deixou. Nossa luta é para que o conhecimento das nossas raízes e o reconhecimento da riqueza do negro gerem empoderamento para que o racismo seja combatido em todas as instâncias da sociedade, a começar pelas nossas escolas”, afirmou.

 

A jornalista Maju Cotrim, pesquisadora e referência na militância negra tocantinense, falou sobre a relevância das ações do Governo do Estado no combate ao racismo e na valorização da comunidade preta. “A Seduc faz história instituindo 365 dias de consciência negra nas escolas do Tocantins, não só apenas na semana de 20 de novembro. O Poder Afro veio para empoderar a comunidade negra estudantil, com valorização e respeito às trajetórias das pessoas negras, elevando a autoestima dos estudantes, servidores e combatendo o racismo”, destacou.

 

O professor doutor Kaled Sulaiman, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), também compartilhou sua história. “Cheguei em em Arraias no ano de 2008, um município em que cerca de 90% da população é negra. Iniciei minha jornada nessa perspectiva de conhecer e compreender a educação escolar quilombola, o que se tornou uma militância. Nesse movimento, observamos que o conhecimento repousa nas práticas e nas oralidades. Temos muitos enfrentamentos no combate ao racismo estrutural e  Universidade Federal do Tocantins e a Seduc são parceiras nas formações continuadas para as escolas quilombolas, pensando o currículo a partir dessa perspectiva antirracista, considerando os saberes plurais construídos, as particularidades e as especificidades”, pontuou.

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